Preparar as refeições juntos, levar as crianças à feira e cultivar uma horta estão entre as dicas dos especialistas. Confira e drible a resistência do seu pequeno!
Que uma alimentação saudável é importante para o desenvolvimento da criança todos sabem. Ela auxilia na formação, previne doenças e influencia o desenvolvimento cognitivo. Até aí tudo bem. O problema é quando as crianças se mostram muito seletivas à mesa, um comportamento cada vez mais frequente nos dias de hoje.
Mas por que isso acontece?
“O estilo de vida atual é caracterizado por uma enorme oferta de alimentos palatáveis, práticos e com alta concentração energética, de gordura e de sal”, diz a nutricionista Márcia Menegassi. “Soma-se a isso a redução do arroz e feijão na dieta junto com o assustador aumento do consumo de refrigerantes e temos um sinal da deterioração dos bons hábitos alimentares.”
O resultado? Crianças que não conhecem os alimentos naturais, rejeitando tudo o que é da família dos legumes, verduras e frutas. As consequências destes hábitos, juntamente com o crescente sedentarismo, podem ser graves: a obesidade infantil e todas as suas mazelas. “Hoje temos muitas doenças ‘de adultos’ aparecendo em crianças: obesidade, hipertensão, diabetes, problemas de colesterol e triglicérides. Uma alimentação inadequada traz tantos problemas de saúde quanto de capacidade de desenvolvimento”, diz o pediatra e presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, Dr. Moises Chencinski.
A boa notícia é que dá para reverter esse cenário, embora muitas vezes não seja fácil. A principal mudança, de acordo com Menegassi, é dentro de casa. “Muitos pais alegam falta de tempo ou não saber cozinhar. Mas não existe fórmula mágica: alimentação saudável requer tempo, paciência, persistência e criatividade. “
Chencinski lembra que a responsabilidade não é somente dos pais. “A sociedade, a mídia e os profissionais de saúde devem orientar os pais: todos somos responsáveis por estes cuidados. As escolas podem contribuir oferecendo lanches saudáveis que permitam às crianças manter a rotina de horários caseiros. A própria escola deve mostrar a importância dos alimentos saudáveis de maneira que seja compreensível às crianças. Muitas vezes são elas que levam essas informações para casa e orientam os pais”, conclui.
Vencendo a Batalha
Para os pequenos mais resistentes preparamos algumas dicas para tornar essa tarefa menos penosa e mais agradável:
- Persistência! As crianças tendem a rejeitar alimentos que não lhe são familiares. “Há estudos que mostram que é preciso oferecer de 10 a 17 vezes o alimento para dizer que a criança não gosta. Ele pode ser apresentado um tempo depois com um preparo diferente, desde que de forma saudável”, diz Chencinski.
- Elogie quando a criança comer alimentos saudáveis. Opte por um ambiente acolhedor, com boa luminosidade e pouco ruído para as refeições.
- Não estoque em casa salgadinhos, biscoitos recheados, refrigerantes, etc. Substitua por frutas.
- Se a criança for muito pequena, deixe-a descobrir os alimentos brincando com eles antes de levar à boca.
- Faça pelo menos uma refeição em família sem televisão e eletroeletrônicos.
- Leve a criança à feira para comprar alimentos saudáveis.
- Deixe-a participar do preparo dos alimentos de forma lúdica (fazendo desenho com os alimentos, ajudando a picar, adicionando ingredientes).
- Dê o exemplo. “Se formos oferecer vegetais é importante nos alimentarmos deles junto com as crianças”, ressalta Chencinski.
- Faça uma horta e incentive o seu filho a plantar e cuidar.
Importante: não ofereça o alimento como um prêmio ou castigo, algo como: “Se comer vai ganhar sobremesa.” Não devemos condicionar a alimentação a nada. A criança vai se alimentar adequadamente de forma natural desde que isso seja ensinado a ela.
Quando Inserir os Alimentos
Menegassi explica que a formação de bons hábitos alimentares deve começar o quanto antes. “Por isso é importante apresentar à criança uma grande variedade de alimentos desde cedo, dando preferência aos mais nutritivos como frutas, legumes, verduras, sucos naturais, carnes magras, peixes, arroz, feijões e produtos integrais”.
Dr. Chencinski é categórico ao apontar o leite materno como um alimento fundamental desde a sala de parto até os dois anos. “Este tipo de conduta vai colaborar para que a criança cresça e se desenvolva da melhor maneira possível.”
A mãe que trabalha deve extrair o leite e conservá-lo de forma apropriada para o filho que ficar em um berçário ou creche. O estabelecimento deve estar preparado para oferecer o leite à criança na ausência da mãe.
Com quantos anos?
Até os seis meses: aleitamento materno exclusivo
A partir dos seis meses: introduzir frutas, almoço e jantar
Após um ano: sucos (sem açúcar), mel
Após dois anos: introduzir o leite integral
Não é recomendado o uso de compostos lácteos.
O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, do Ministério da Saúde contém dicas para o aleitamento materno e como introduzir cada alimento, levando em conta as diferenças culturais do país:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf