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Transtorno de Ansiedade Generalizada

por Andrea Alves
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA

Veja como identificar o transtorno de momentos corriqueiros de ansiedade e quando procurar ajuda profissional

A gestora de recursos humanos Tatiane Rocha não imaginava que seria diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizada quando procurou pela ajuda de um psicoterapeuta. “Se tivesse uma reunião marcada com semanas de antecedência não conseguia parar de pensar na reunião, tamanha a ansiedade e o sofrimento.” Ânsia de vômito, falta de ar, tremores e taquicardia eram alguns dos sintomas de Tatiane. Preocupada e perfeccionista desde pequena, ela atribuía o que sentia ao seu “jeito”.

A situação ficou insustentável depois do seu casamento, quando as responsabilidades pessoais e profissionais aumentaram. “Passei a me sentir incapacitada.”

Não demorou para o terapeuta realizar um pré-diagnóstico e indicá-la a um psiquiatra, que bateu o martelo: transtorno de ansiedade generalizada (TAG). “É um transtorno que acomete 5,7% da população”, diz a psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo Dra. Denise Gobbo. “Somente na cidade de São Paulo 4,2% da população deve vir a ter o TAG”.

Mas o que caracteriza o TAG?

É normal ter ansiedade em algumas ocasiões. É ela que nos deixa alerta em uma situação de perigo, como ao ouvir a buzina de um carro no momento que atravessamos a rua. “Essa ansiedade adaptativa ao meio é natural e ajuda o ser humano a se mobilizar. O problema é quando passa a ser disfuncional, ou seja, excessiva; e vem acompanhada de grandes preocupações mesmo em situações corriqueiras. Estar constantemente preocupado com o futuro sem aproveitar o presente é típico do transtorno. Quando isso acontece por pelo menos seis meses podemos dizer que a pessoa tem o TAG.”, explica Denise.

Os pacientes se queixam de forte irritabilidade, insônia (a cabeça não para de pensar), dificuldade de controlar as preocupações, sensação de incompetência, dificuldade de concentração e falhas de memória. Os sintomas físicos são taquicardia, sensação de falta de ar, musculatura contraída pelo estado permanente de luto ou fuga, tremores, ânsia de vômito e perda de apetite.

Tatiane conta que procrastinar era recorrente. “Eu tinha planos simples, como voltar a estudar inglês e comprar um sofá para a varanda, por exemplo. Passaram-se anos e não conseguia concretizá-los. A preocupação é enorme, o problema torna-se monstruoso e você não consegue resolver, empurrando para frente.”

Diagnóstico e tratamento

 “Os pacientes costumam procurar por ajuda quando os sintomas já estão afetando o seu desempenho, tanto social quanto profissional”, diz Denise. O diagnóstico é clínico, levando-se em conta os sintomas. O tratamento envolve medicamentos, principalmente antidepressivos e ansiolíticos, e às vezes medicação de resgate. “Em casos de episódios muito prolongados de ansiedade ou crises frequentes indicamos medicações de uso controlado, que devem ser usadas com parcimônia para não causar dependência. A parte não medicamentosa inclui a psicoterapia. Temos evidências na literatura de que ela ajuda muito o paciente a controlar os sintomas.”

Atividade física, esportes, como corrida, meditação e um hobby também são indicados para extravasar a ansiedade. “É importante que o paciente procure ajuda de um profissional capacitado, porque ele pode ter uma melhora importante na qualidade de vida”, conclui Denise

Foi o que aconteceu com Tatiane, que conta que a vida ficou muito melhor depois do tratamento. “O mais importante é se conscientizar. Sinto mais leveza. Hoje deixo para sofrer antes de reunião e não um mês antes.”

Tatiane voltou a fazer inglês e iniciou uma pós-graduação. “E comprei o sofá para a varanda, que eu queria tanto”, lembra.

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