Início » Diabetes Azul

Diabetes Azul

por Andrea Alves
DIABETES AZUL

A “Novembro Diabetes Azul” é uma campanha mundial que ocorre em prol da conscientização sobre o diabetes. Saiba como prevenir e tratar a doença, cujo foco deve ser o tratamento multidisciplinar

Assim como no combate ao câncer de próstata, em novembro a cor azul também é utilizada para outra importante campanha: a de prevenção e combate ao diabetes. De acordo com a dra. Jacqueline Rizzoli, endocrinologista do Hospital São Lucas (PUC-RS) e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), há hoje em nosso país 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população.  E os casos seguem aumentando.

O impacto destes números frente à saúde pública é significativo, levando em conta os aspectos envolvidos tanto no cuidado quanto nas complicações decorrentes da doença. Dra. Jacqueline acredita que o diabetes esteja relacionado com o aumento de sobrepeso e obesidade no Brasil, cujo percentual chega a 60,3% da população brasileira, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.

“Como o diabetes tipo 2 pode apresentar poucos sintomas no início, algumas pessoas levam anos até descobrirem a doença; portanto estes números são subestimados” alerta a endocrinologista.

O que é diabetes

O Diabetes melitus, nome científico do diabetes, é uma doença crônica que se caracteriza pelo excesso de açúcar (glicose) no sangue. O pâncreas do diabético não produz insulina suficiente ou o organismo tem resistência à ação desta insulina, o hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue e que transporta o açúcar para o interior das células.

Tipos de Diabetes

Diabetes Tipo 1

Corresponde a 5%-10% dos casos de diabetes. Aparece geralmente na infância ou adolescência, mas também pode ser diagnosticado em adultos.

“O organismo do portador de diabetes 1 desenvolve anticorpos que atacam as células beta do pâncreas, comprometendo a produção de insulina por este órgão. Com isso, pouca ou nenhuma insulina vai para o corpo e fica no sangue, ao invés de ser liberada como fonte de energia.

Sintomas:

  • Fome e sede constante
  • Vontade de urinar várias vezes ao dia
  • Perda peso
  • Fadiga
  • Mudanças de humor
  • Náuseas e vômito

Fatores de risco e tratamento

Dra. Jacqueline explica que muitas vezes não é possível detectar a causa do diabetes tipo 1. Ter algum familiar próximo com a doença pode caracterizar uma predisposição, assim como a presença de doenças autoimunes como vitiligo, tireoidite de Hashimoto e doenças reumáticas. Ocasiões de estresse agudo como acidentes, luto e separações traumáticas podem desencadear a doença, assim como algumas viroses.

Já o tratamento envolve medicação e muitas vezes mudanças na alimentação.

“Essa variedade é sempre tratada com insulina, dieta e a orientação para a prática de atividade física, que ajuda a controlar o nível de glicose no sangue.”

Diabetes Tipo 2

Já o diabetes tipo 2 ocorre, como explica a dra. Jacqueline, quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz (resistência à ação da insulina) ou não produz insulina suficiente para controlar a sua taxa de glicemia.

Cerca de 90% das pessoas apresentam este tipo de diabetes, que se manifesta principalmente em adultos. “Mas as crianças também podem apresentar, principalmente associado à obesidade.

Já nos adultos o sedentarismo, o consumo excessivo de alimentos industrializados e ultra processados, o estresse e o abuso de álcool são alguns dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do diabetes tipo 2”, conclui a médica.

Sintomas

  • Fome e sede constante
  • Vontade de urinar várias vezes ao dia
  • Formigamento nos pés e nas mãos
  • Infecções na bexiga, rins, pele e infecções na pele
  • Feridas que demoram para cicatrizar
  • Visão embaçada

Principais complicações:

Diversos órgãos do corpo podem sofrer complicações quando a glicose se mantém fora de controle por muitos anos. As principais complicações, segundo a Dra. Jacqueline, são circulatórias e neurológicas.

“São complicações graves e comprometem muito a vida do portador de diabetes, mas com um bom acompanhamento médico e adesão ao tratamento podem ser prevenidas e controladas.”

As complicações mais graves são:

  • Lesões na retina, que podem levar à perda progressiva da visão.
  • Alterações na filtração dos rins, que podem evoluir para insuficiência renal crônica e necessidade de hemodiálise.
  • Problemas de circulação nas pernas com feridas que não cicatrizam
  • Perda de sensibilidade e risco de amputações
  • Infarto agudo do miocárdio
  • Acidente vascular cerebral

Tratamento Multidisciplinar

Para prevenir, tratar e conviver da melhor maneira com o diabetes é preciso um tratamento multidisciplinar, que envolve mudanças de hábitos, privilegiando saúde e qualidade de vida e evitando os fatores de risco.

“O diabetes é uma doença que necessita de acompanhamento multiprofissional, uma vez que a base deste tratamento sempre será a modificação de hábitos alimentares, com uma dieta saudável, rica em nutrientes e com o acompanhamento de nutricionista. Isso inclui reduzir o consumo de açúcar simples e ter uma dieta rica em fibras e proteínas“, afirma a dra Jacqueline.

Para os pacientes com diabetes tipo 2 a médica diz incentivar a redução de peso. “Em alguns casos isso pode até reverter o diabetes. Já em outros, além da alimentação adequada e de exercícios serão necessários o uso de insulina e/ou outros medicamentos orais.” Estes medicamentos variam e estão sempre evoluindo, e cada caso deve ser avaliado pelo médico, de acordo com a endocrinologista. “Existem diversos medicamentos que isoladamente ou combinados ajudam a manter os níveis de glicose controlados”.

E dá para viver uma vida normal com diabetes?  “O diabetes permite que pessoa viva bem e com uma excelente qualidade de vida. O diagnóstico precoce, assim como o combate à obesidade aliado a uma alimentação saudável são fundamentais para o adequado manejo do diabetes e para reduzir a sua prevalência,” conclui a médica.

Exames

Dra. Jacqueline afirma que toda pessoa adulta deve fazer exames laboratoriais a cada três anos para descartar diabetes. E se houver os fatores de predisposição, já citados anteriormente, o exame deve ser mais frequente (ver quadro).

Exames laboratoriais devem ser realizados com frequência se:

  • Já houver diagnóstico de pré-diabetes (diminuição da tolerância à glicose ou glicose de jejum alterada).
  • O indivíduo for portador de hipertensão arterial.
  • Apresentar alterações de colesterol e triglicérides no sangue.
  • O indivíduo for obeso ou estiver com sobrepeso, principalmente se a gordura for localizada em volta da cintura.
  • Ter pais ou irmãos com diabetes.
  • Mulher que teve bebê com peso superior a quatro quilos.
  • Mulher que teve diabetes gestacional.
  • Mulher portadora da síndrome de ovários policísticos.
  • Pessoa com apneia do sono.
  • Quem faz uso crônico de medicamentos que podem aumentar a glicose, como os glicocorticoides.

Diabetes Gestacional – Entenda

O diabetes gestacional se inicia normalmente após a 20ª semana de gestação e desaparece após o parto. Durante a gravidez a mulher passa por mudanças em seu equilíbrio hormonal para permitir o desenvolvimento adequado do embrião.

“A placenta é uma fonte importante de hormônios e substâncias que reduzem a ação da insulina. Para compensar este quadro o pâncreas consequentemente aumenta a produção de insulina. Quando este processo ocorre de maneira inadequada para algumas mulheres ocorre a diabete gestacional.

E por que é perigoso? “Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intrauterino, há um maior risco de crescimento excessivo (a chamada macrossomia fetal); que pode dificultar o parto. Além disso há o risco de hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta,” explica a dra Jacqueline.

O tratamento pode incluir orientação nutricional adequada, medicamentos e indicação de atividade física, sempre com acompanhamento médico durante todo o processo de gestação.

Deixe um comentário

Você pode gostar

Utilizamos cookies para proporcionar melhor experiência online. Ao navegar aqui, você concorda com nossa política de privacidade e o uso de cookies. Aceito Leia mais