A Atenção Plena
Conheça a técnica que desenvolve o foco, a concentração e a capacidade de gerenciar as emoções
Sabemos que a mente é cheia de distrações e concentrar-se na realização de uma tarefa pode ser um grande desafio nestes tempos de diversos estímulos tecnológicos e vida corrida.
“Hoje o ambiente é de muita informação e pressões por resultados. As mudanças tecnológicas também vêm causando impacto na vida profissional e pessoal das pessoas, comprometendo a capacidade de foco.”
Quem afirma é Alexandre Lunardelli, instrutor certificado pela Mindfulness Trainings International e fundador da Academia de Mindfulness, prática que vem ganhando adeptos em todo o mundo. Também conhecido como Atenção Plena ou Consciência Plena, o método, de acordo com Lunardelli, melhora a capacidade de concentração, de produtividade e de atenção na realização das tarefas. “Prestar atenção com receptividade ao que realizamos. Pode parecer fácil, mas envolve saber olhar para as coisas sem apego, nem aversão.”
Na opinião do instrutor a atenção parcial na realização das tarefas é um dos principais problemas do mundo atual, seguido daqueles de origem emocional, como a ansiedade e o estresse.
Meditação
O Mindfulness envolve, fundamentalmente, a meditação. “O que diferencia a meditação no Mindfulness das outras é o fato de qualquer pessoa poder praticá-la, independentemente da religião.[1]” A prática ajuda a diminuir dores crônicas e a pressão arterial, evitar crises de ansiedade e depressão. Isso porque o cérebro também precisa de calma e descanso – que por sua vez se traduzem em atenção, produtividade e decisões melhores.
O Mindfulness trabalha também o equilíbrio emocional, promovendo a gestão das emoções. “Você percebe quando as emoções surgem e escolhe a resposta a elas.”
E há estudos que comprovam a eficácia do Mindfulness na área corporativa[2], segundo Lunardelli. A técnica ajuda no desenvolvimento da liderança e da criatividade. “Cerca de 40 a 45 minutos por dia (que podem ser divididos em 20 minutos duas vezes ao dia), são suficientes. Mas há uma versão para o mundo corporativo de apenas 10 minutos que também já mostrou resultados em poucas semanas”.
Tudo isso, no entanto, envolve treinamento e autoconhecimento.
Dicas para praticar o Mindfulness
Lunardelli separou algumas dicas para praticar o Mindfulness no dia a dia. Veja aqui:
- Sente-se ou deite-se e pratique diariamente a meditação. Comece praticando de cinco a dez minutos.
- Tente desenvolver a atenção plena no que está fazendo, seja escovando os dentes ou fazendo exercícios. Qualquer atividade é uma oportunidade para exercitá-la.
- Nas interações pessoais ou profissionais, coloque toda a sua atenção na outra pessoa. Ela deve ser o objeto da sua atenção.
- Se sentir dificuldades de concentração ou ansiedade, faça uma respiração mais profunda. Observe as sensações no seu corpo.
- Faça pausas sempre que sentir necessidade. A pausa é uma “mini meditação”. Elas são muito eficientes para mantermos o foco. Faça disso um hábito.
- Cuidado com o celular: é altamente viciante e pode se tornar uma distração prejudicial, atrapalhando a capacidade de focar. Tente deixá-lo de lado pelo menos em quatro momentos: primeira hora (quando acordar), durante as refeições, durante as interações com outras pessoas e na última hora (antes de dormir). Perceba como foi ficar alguns minutos sem celular e com a atenção no que está fazendo.
- Quando caminhar preste atenção aos movimentos do seu corpo. Perceba os sons, o vento, a temperatura.
- Quando for comer, tente sentir de onde vem a sua fome, o paladar. Mastigue bem.
Origem do Mindfulness
O movimento começou em 1979 quando Jon Kabat- Zinn[3], professor da Escola Médica da Universidade de Massachussets (EUA), desenvolveu um método de redução do estresse. Depois de constatar que cerca de 70% dos pacientes que sofriam de problemas como ansiedade, estresse e depressão não apresentavam melhoras significativas, Kabat-Zinn criou um protocolo de encontros de meditação e os bons resultados, como a redução significativa de todas essas enfermidades, surgiram rapidamente. Outras vantagens notadas foram a melhora do sistema imunológico, o gerenciamento de dor crônica e o aumento da concentração dos praticantes.
Low, C. A., Stanton, A. L. & Bower, J. E. (2008), “Effects of acceptance-oriented versus evaluative emotional processing on heart rate recovery and habituation,” Emotion, 8, pp. 419-24.
- Baer, R. A., Smith, G. T., Hopkins, J., Kreitemeyer, J. & Toney, L. (2006), “Using self-report assessment methods to explore facets of mindfulness,” Assessment, 13, pp. 27-45
- Davidson, R. J., Kabat-Zinn, J., et al. (2003), “Alterations in brain and immune function produced by mindfulness meditation,” Psychosomatic medicine, 65, pp. 567-70.
Jha, A., et al. (2007), “Mindfulness training modifies subsystems of attention,” Cognitive Affective and Behavioral Neuroscience, 7, pp. 109-19; Tang, Y. Y., Ma, Y., Wang, J., Fan, Y., Feng, S., Lu, Q., et al. (2007), “Short-term meditation training improves attention and self-regulation,” Proceedings of the National Academy of Sciences (US), 104(43), pp. 17152-6; Ortner, C. N. M., Kilner, S. J. & Zelazo, P. D. (2007), “Mindfulness meditation and reduced emotional interference on a cognitive task,” Motivation and Emotion, 31, pp. 271-83
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excelente conteúdo !
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