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Medicina Preventiva, a Medicina do Futuro

por Andrea Alves
MEDICINA PREVENTIVA, A MEDICINA DO FUTURO

Cada vez mais utilizada no mundo todo e também no Brasil, a medicina preventiva é mais eficiente e menos custosa. Saiba qual a sua importância e como usufruir de seus benefícios

Em um conceito mais amplo podemos dizer que tudo o que se fizer pela saúde antes que qualquer doença se instale pode ser considerado medicina preventiva. Neste sentido, ela é tão ou mais importante que a curativa, tanto para evitar o agravamento de uma doença já existente, quanto para diagnosticar o mais precocemente possível o aparecimento de doenças por meio de exames e avaliação médica.

Mas apesar de o custo da prevenção ser muito menor, o que se reflete em menos internações hospitalares, menos uso de medicamentos e procedimentos invasivos, resultando em menos desgaste psicológico ao paciente, ela ainda não é uma prioridade em nosso país.

“No Brasil é comum as pessoas procurarem serviços médicos quando já estão doentes. Temos uma grande utilização dos serviços de emergências em detrimento da medicina preventiva. Isso é muito atrelado à questão cultural, da forma como foi organizado o sistema de saúde no país”, relata a clínica geral e cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, dra. Juliana Soares.

Para a nutricionista e especialista em exames hematológicos pelo Instituto de Nutrição Avançada (INA), Licia D’Ávila, há ainda dificuldades por parte das pessoas em compreenderem o início da manifestação de doenças, da evolução de um sintoma para um problema de saúde efetivo. “As pessoas relevam as suas manifestações sintomáticas e aguardam passivamente a melhora. Outro ponto de relevância é a falta de iniciativa e ações governamentais para atuar na prevenção”, lembra Lílian.

Este é realmente um problema, pois se é possível racionalizar as despesas com a saúde preventiva de um lado, de outro ela envolve recursos tecnológicos, estudos epidemiológicos e genéticos. Estes últimos prometem, no futuro, não só diagnosticar as doenças precocemente, como a sua predisposição[1]. E apesar dos diagnósticos e progresso nestas áreas nem sempre os recursos mais avançados estão disponíveis à população da rede pública. Portanto, é preciso levar em conta também os aspectos sociais, econômicos e de infraestrutura em que a comunidade está inserida.

“Porém estamos progressivamente apresentando um crescimento da medicina de família, de acompanhamento da condição geral de saúde do indivíduo e a promoção de um estilo de vida que contribui com uma medicina preventiva, evitando, em muitos casos, o surgimento ou agravamento de doenças”, diz a dra. Juliana, para quem é igualmente importante alertar a população sobre os benefícios dos exames preventivos. “E alertar para os riscos associados à não realização do rastreio de algumas doenças. Esse passo é fundamental para que a cultura da prevenção e a utilização dos recursos de saúde sejam feitos de forma adequada.”

Câncer: Prevenção pode ser Cura

De acordo com a dra. Juliana, a realização dos exames de forma adequada e com a indicação correta é uma grande vantagem para o paciente. “Como o próprio nome diz os exames são preventivos pois conseguem, em muitos casos, detectar doenças como o câncer de forma precoce e evitar o surgimento de outras.”

A médica diz que tanto homens quanto mulheres a partir dos 50 anos devem ser submetidos a exames de rastreio para doenças cancerígenas, como o câncer de mama para mulheres e próstata para os homens e câncer do trato gastrointestinal para ambos. No entanto a presença de fatores de risco e história familiar com presença dessas doenças, tabagismo ou outras situações podem indicar que esses exames sejam feitos de forma mais precoce. “O fato é que a partir de 50 anos é importante monitorar, pois estudos evidenciam que o diagnóstico precoce de câncer está associado a uma maior taxa de cura e de sobrevida. E também fazer rastreio e avaliação para diabetes e hipertensão.”

Lílian explica que é importante que o profissional de saúde tenha meios de conhecer o paciente, seu histórico familiar, estilo de vida, qualidade da alimentação e estado emocional. “Os exames são feitos primeiramente por meio de anamnese realizada com a observação dos sinais e sintomas do paciente e são indicados a partir de qualquer idade.”

 A partir disso, de acordo com a nutricionista, é possível recomendar medidas e outros exames com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e prevenir enfermidades.

A Alimentação na Prevenção de Doenças

A relevância da alimentação correta, balanceada, adequada em nutrientes e em quantidade a cada refeição é reconhecida como fator impactante na prevenção de doenças.

“Os exames nutricionais são obrigatórios na prevenção e vêm surtindo resultados bastante positivos, auxiliando a identificar a manifestação dos sintomas”, diz Lílian.

De acordo com a nutricionista, os exames de sangue são os que qualificam com maior propriedade a ingestão ou a capacidade de absorção de nutrientes, assim como as alterações que limitam a absorção. “Eles indicam crescimento ou queda, mesmo que sutil e ainda dentro de valores de referência, de indicadores relacionados com a falta ou excesso de nutrientes. Porém há outros exames que auxiliam a qualificar a alimentação, como os antropométricos ou os de imagem. Em caso de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão ou problemas vasculares, é possível que o paciente reduza os impactos negativos da doença no seu dia a dia.”

A medicina preventiva pode atuar na detecção precoce ou diminuição da incidência de uma série de doenças, entre elas:

  • Hipertensão
  • Doença arterial e coronariana
  • Diabetes
  • Riscos de infarto
  • Osteoporose
  • Alguns tipos de câncer
  • Doenças gastrointestinais
  • Manifestações de gripes
  • Resfriados ou problemas relacionados com a queda da imunidade
  • Doenças disabsortivas (de má absorção, causadas pela assimilação inadequada de substâncias alimentares)
  • Sarcopenia
  • Desnutrição
  • Obesidade
  • Alergias e intolerâncias alimentares
  • Anemia
  • Hipo ou hiper-tireoidismo
  • Doenças autoimunes
  • Insuficiência renal
  • Doenças pulmonares
  • Depressão

Fonte: Lícia D’Ávila, nutricionista e especialista em exames hematológicos pelo Instituto de Nutrição Avançada (INA).


[1] https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/voce-gostaria-de-saber-como-sera-sua-saude-daqui-alguns-anos/


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