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O Bem-Estar do Paciente com a COVID-19

por Andrea Alves
O BEM-ESTAR DO PACIENTE COM A COVID-19

O isolamento pode ser ainda mais difícil para quem está com a COVID-19 e tem que dividir o espaço com a família. Saiba o que deve ser feito nessa situação em termos de higienização, cuidados e o que fazer para aliviar os sentimentos negativos.

Quando a técnica de enfermagem Gisele Mattos de Oliveira pediu licença do trabalho no dia 20 de março não imaginava que teria os primeiros sintomas da COVID-19 depois de 13 dias, quando estava em casa com a família. Gisele conta que fez uma tele consulta e, como não tinha febre, iniciou um tratamento para a alergia e inflamação de sinusite.

Mas a febre veio em seguida. “Foram quatro noites de febre alta, calafrios, falta de ar moderada, tosse seca, dores de cabeça incessantes, perda de paladar, muita fraqueza e aceleração cardíaca. Durante o dia os sintomas eram mais amenos, ficava apenas a tosse.”

Ela então foi orientada a fazer o exame e, cinco dias depois, chegou o resultado: positivo para COVID-19. “Antes da certeza eu já desconfiava, então me isolei dentro de casa. Mas depois do resultado o isolamento foi ainda mais intenso. Só saía do quarto para ir ao banheiro.”

Graças ao espaço em casa Gisele pôde ficar sozinha em um quarto e usar um banheiro só para ela. Mas nem sempre é assim.

Muitas vezes o doente da COVID-19 compartilha espaços pequenos e divide o mesmo banheiro com o restante da família. Ainda assim, o distanciamento deve ser o maior possível, como explica o infectologista, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, Dr. Wladimir Queiroz.

“Melhor seria a pessoa doente ficar em um cômodo isolado, ter banheiro próprio ou privativo. Se não for possível, deve-se limpar todo o banheiro com água sanitária após cada uso.”

Os cuidados devem se estender à cozinha e ao quarto: os talheres não devem ser compartilhados. “Lembrando que podem ser utilizados por outros membros da família somente após lavagem de água e sabão”, adverte o médico.

Já roupas pessoais e de cama devem ser acondicionadas em sacos plásticos até a hora de lavar. “A lavagem pode ser de maneira habitual e sempre que possível (mas não indispensável) adicionar água sanitária à lavagem ou passar a ferro quente.”

E quando é hora de ir para o hospital? “Quando tiver febre persistente (mais de dois dias) ou sentir qualquer desconforto respiratório. Esse desconforto pode ser uma dificuldade em respirar, dor no peito quando inspirar ou aumento anormal da frequência respiratória”, orienta Queiroz.

“O sentimento de solidão é real. Mas amigos mandaram carinhos e abraços virtuais, palavras de fé que me deram esperança”

Gisele conta que o seu maior medo foi a piora nas condições respiratórias. “E o medo de alguém em casa (ela mora com o marido e a filha de oito anos) apresentar os mesmos sintomas.”

Para a técnica de enfermagem, a situação foi mais difícil por conta da filha pequena. “Estamos acostumados a sermos o porto seguro deles, de repente eles nos veem tão fracos e vulneráveis.”

Para a psicóloga Carla Guth, além do desconforto físico existem aqueles causados pelo isolamento. “A ansiedade e o medo são comuns nessas pessoas, por lidar com uma doença desconhecida. Na dose certa o medo ajuda a ter atitudes protetivas, como proteger-se e proteger o outro. Mas se passar a ser excessivo, esse medo vai gerar ansiedade e angústia demasiada, aí os prejuízos são maiores e podem levar a pensamentos de sofrimento e até a outros sintomas físicos, que podem prejudicar a recuperação do indivíduo.”

A distância física também complica as coisas, como lembra Gisele. “É muito difícil e o choro é inevitável. Mas uma coisa muito legal aconteceu: amigos de todas as partes, familiares, amigos com quem não falava há anos, todos mandaram mensagens de carinho e abraços virtuais. Palavras de fé e amizade, que me deram muita força e esperança”.

Depois de várias semanas do início dos sintomas, Gisele já está bem melhor.  “Já não transmito mais o vírus, porém não sabemos se estou totalmente imune. Mas uma coisa eu sei: vou voltar a trabalhar, porque a necessidade de cuidar do próximo agora está ainda mais forte. Costumo dizer que eu não escolhi essa profissão: foi ela quem me escolheu!”

Dicas da Psicóloga Carla Guth:

  • Centralize os cuidados com você e a sua saúde cuidando da alimentação, da sua saúde física e mental.
  • Busque informação sem exageros, evitando aumentar o nível de estresse e ansiedade. O suficiente para aumentar o conhecimento sobre os cuidados em casa.
  • A doença aumenta o cansaço. Preserve-se, faça o necessário, respeite o seu corpo.
  • Se o nível de estresse e ansiedade aumentarem muito procure ajuda, converse com amigos e familiares.

Quanto tempo o portador de sintomas deve permanecer em casa para não contaminar outras pessoas?

De acordo com Queiroz, pelo menos 14 dias após o diagnóstico definitivo, se a pessoa estiver perfeitamente bem de saúde.

Como o lixo deve ser descartado?

Preferencialmente dentro de saco plástico fechado, identificado como material infectante e nunca junto com o lixo reciclável.

“Dessa forma contribuímos com a saúde dos coletores de lixo e das pessoas que trabalham com reciclagem.”

#fiqueemcasa #quarentena

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