Comer compulsivamente é um problema que acomete muitas pessoas e pode fazer bastante mal à saúde. Aprender a relacionar-se com os alimentos muitas vezes não é simples e requer um tratamento multidisciplinar
Diferente dos animais, o ser humano não vê o alimento apenas como fonte de nutriente. A lembrança do bolo feito com carinho pela avó é um exemplo de como a comida está presente em nossa memória afetiva e em nossas cerimônias culturais.
Por isso, muitas vezes as pessoas saem da rotina no fim de semana, ou comem exageradamente em um evento ou festa natalina. Isso é considerado normal.
Mas há um comportamento que é diferente do excesso casual: a compulsão alimentar. O assunto tem sido destaque na imprensa, uma vez que pessoas públicas têm se manifestado em relação ao tema.
O que caracteriza uma pessoa que sofre de compulsão alimentar? De acordo com a psiquiatra Dra. Denise Gobo, que atua no PROTOC do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a compulsão alimentar se caracteriza quando comemos grandes quantidades de alimento rapidamente. “A pessoa não consegue parar de comer, mesmo estando saciada”.
Se esse comportamento ocorre ao menos duas vezes por semana, podemos considerar compulsão.
“Diferente da fome, que é um sinal fisiológico do corpo para manter as células em atividade, na compulsão alimentar esse ‘termostato’ da saciedade está quebrado”, explica a Dra Denise. O compulsivo come uma grande quantidade rapidamente, busca por comida mais tempo do que o normal e muitas vezes sente vergonha por seu comportamento, o que provoca o isolamento (comer escondido).
A compulsão pode acarretar excesso de peso e obesidade, um dos principais problemas de saúde em todo o mundo.
Causas e tratamento
Algumas causas podem estar associadas, como baixa autoestima, o estresse, a ansiedade, dietas restritivas, bulimia e depressão, entre outros fatores.
O caminho para relacionar-se de maneira saudável com a alimentação engloba um tratamento multidisciplinar que envolve reeducação alimentar (e não dieta restrita, o que pode agravar o problema); e também o acompanhamento de um psicólogo ou psiquiatra e nutricionista.
Se você se identificou com algum dos sintomas apresentados, procure ajuda profissional.
Algumas dicas da Dra. Denise Gobo para driblar a compulsão alimentar:
- Pratique exercícios físicos e meditação/mindfulness
- A psicoterapia envolvendo terapia cognitivo-comportamental pode ser uma grande aliada
- Mastigue os alimentos devagar, para contribuir para a sensação de saciedade do organismo.
