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Planejamento Financeiro Em Tempos de COVID-19

por Andrea Alves
Planejamento Financeiro Em Tempos de COVID-19

Em tempos tão incertos poucos foram os que conseguiram escapar dos impactos financeiros causados pela pandemia. Nessa hora, é preciso respirar fundo, rever o planejamento financeiro e estruturar uma boa gestão dos planos.

Nos vemos diante de um vírus com alto potencial de propagação e muitas mortes pelo mundo e de uma situação que ainda não tinha sido experimentada nas últimas décadas, surpreendendo tanto as pessoas quanto os governos do mundo todo e resultando em uma paralisação da economia devido ao período de quarentena.

Com ela veio o que João Paulo Bottecchia, consultor da JPlanner Educação Financeira e Corretora de Seguros, chama de “sensação de morte financeira.” “Estamos vendo os nossos negócios e famílias sofrendo com a queda de receita e sem saber por quanto tempo.”

Para Uberlan Teixeira Fernandes, consultor empresarial pela Sinergia Desenvolvimento Estratégico e professor de Estratégias e Finanças da Fundação Dom Cabral, a pandemia mostrou a fragilidade financeira do brasileiro em geral, principalmente pelo fato de não nos planejarmos para possíveis contingências. “Isso está acontecendo tanto com pessoas físicas quanto com empresas. Todos deveríamos ter uma reserva financeira, independente da situação atual. Claro que agora essa situação aflorou.”

Mas por que é tão difícil ter reservas para algumas pessoas? Para Bottecchia a falta de educação financeira do brasileiro é um dos fatores. “Finanças Pessoais deveriam fazer parte do currículo escolar desde a infância. Crescemos e nos tornamos máquinas de ganhar dinheiro, mas não aprendemos a reservar. Primeiro deveríamos guardar uma parte do que ganhamos para só depois gastarmos o que sobra.” Isso independentemente do quanto se ganha. “As pessoas dizem que não têm nada para poupar exatamente porque não dão atenção a essa regra.”

Ele acredita, no entanto, que a pandemia pode ter trazido algum aprendizado. “Tivemos obrigatoriamente que começar a escolher melhor os gastos. As pessoas têm percebido que o consumo exagerado de alguns produtos e serviços não são tão importantes como pensavam e aprendendo a reavaliar esses hábitos, gastar melhor e poupar.”

Fernandes concorda que é preciso mudar a educação financeira. “Refletir e compreender que a necessidade de economizar parte de nossa renda não é opcional e sim mandatória.”

Dicas Para o Presente e o Futuro Financeiro

  • Reserve

“Quando falamos de futuro, ter uma sobra de pelo menos 25% da renda por mês deveria ser o ideal. Dessa forma a cada três meses teríamos um mês de gastos como reserva”, aconselha Fernandes. “Manter um fluxo de caixa com três meses adiantado faz com que haja tempo para agir de forma mais estruturada.”

“Creio que as pessoas descobrirão a importância de se ter reservas ao menos em caso de desemprego e doenças, além de guardar dinheiro para o futuro. O ideal seria que garantissem, no mínimo, seis meses de suas despesas para situações como essas. As pessoas devem se planejar para ter reservas e entenderem que, na aposentadoria, vão precisar de mais dinheiro para viverem tranquilos. É a fórmula para manter o padrão de vida e não entrar em dívida por inadimplência”, diz Bottecchia.

  • Encare as Dívidas

Tem dívidas? “Quebre o cartão de crédito!”, brinca Fernandes. “Cuidado, pois essa modalidade de crédito traz uma falsa sensação de poder. E mesmo para aqueles que podem contar com um aumento da renda é aconselhável manter o nível de gastos nesse momento.”

“Primeiro quite o cartão de crédito, depois as dívidas que tiveram a maior taxa de juros, para que a bola de neve dos juros não acabe com a sua vida financeira”, ensina Bottecchia.

  • Anote

Anotar a média dos gastos mensais fixos pode evitar que você seja surpreendido e entre no cheque especial ou, pior, nas dívidas de cartão de crédito cujos juros são mais altos. Sem esquecer gastos como IPVA, licenciamento de veículos, matrículas de filhos na escola, viagens de férias, presentes de Natal, etc.

  • Estabeleça Metas com Prazos

 “Todos temos sonhos, mas nem todos transformamos isso em metas. Por isso, muitos acabam contraindo dívidas e pagando juros estratosféricos. Determine quanto, quando e como poupar para atingir os seus objetivos financeiros”, aconselha Bottecchia.

  • Pense no Futuro

“Com a ameaça de morte que esse vírus trouxe, muitas pessoas estão buscando se proteger com produtos de seguro de vida, incapacidade temporária e para doenças graves, pois perceberam os efeitos devastadores de não os ter.”

  • Teve de Adiar os Planos? Não Desanime!

Se você tinha uma meta e a pandemia a alterou, trace uma nova meta. É o que aconselha Bottecchia. “A economia está doente, mas vai se recuperar mais à frente. É como quando colocamos em um aplicativo de trânsito o lugar para o qual queremos ir. No caminho acontece algo e as rotas são recalculadas e o tempo ajustado – mas no final sabemos que vamos chegar onde queríamos.”

 Para Fernandes esse é um momento de se planejar novamente, com mais segurança. “Nossos sonhos podem ser postergados, mas nunca devem ser abandonados”, finaliza.

Como Investir em Tempos de COVID-19

Para Bottecchia, um dos principais efeitos da pandemia foi o “derretimento do mercado financeiro”, em suas palavras. “Só não perdeu dinheiro quem já não tinha.”

 Ele explica que no último ano os resultados do mercado foram considerados muito bons, fazendo com que muitas pessoas leigas em mercado financeiro entrassem em bolsa, fundos imobiliários, multimercados e ativos de renda fixa.

 “Essas pessoas não perceberam que, para ganhar dinheiro acima da taxa de juros do mercado (A SELIC, hoje em 3% ao ano), tomariam o risco de perder, como aconteceu.” O consultor afirma que o importante é não especular, principalmente aqueles que não têm experiência com renda variável.

“Invista em renda variável no máximo 10% do que tem disponível para investir. Para os que não precisam desses recursos no curto prazo podem chegar a 20%. Mesmo que o mercado caia, aguarde, porque ele sempre se recupera. São investimentos para o longo prazo.”

Fernandes pontua que opções que geram ganhos financeiros neste momento vão depender muito do perfil do investidor. “Se está disposto a correr riscos e se tem tempo e disponibilidade para aplicação. Aplicar na bolsa de valores, por exemplo, exige um bom nível de conhecimento. Se o objetivo for aposentadoria complementar uma excelente opção é o plano de previdência privada. E por fim há as aplicações tradicionais, que trazem segurança, como a poupança, fundos de renda fixa, CDB, que com a atual taxa SELIC têm uma remuneração que deve perder para a inflação. O melhor é buscar um profissional para aconselhamento.”

#fiqueemcasa #quarentena

2 comentarios

FABIO ALVES 13 de junho de 2020 - 09:20

Excelente artigo.
Obrigado por compartilhar seus pensamentos e contribuir para o desenvolvimento financeiro pessoal da população.

Luis Antonio Morales Filho 16 de junho de 2020 - 00:53

Minha vida financeira é um desastre.
O pior é que isso parece ser hereditário
Não quero isso para minha família. Minhas filhas.
Sou professor, temos um negócio de família, minha esposa é aposentada. É nós perguntamos como vivemos sem caixa. Vivemos bem. Mas não sobra pra tempos difíceis. Para reinvestir.

Creio que o que vcs fazem é muito importante é de grande ajuda.

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