Setembro é também o mês da conscientização sobre o Mal de Alzheimer. Saiba como detectar, qual o tratamento para a doença e como lidar com o portador
Estima-se que existam mais de 45 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo e que este número deve dobrar a cada 20 anos, segundo dados do Instituto Alzheimer Brasil.[1] O mal de Alzheimer é o tipo mais frequente de demência, é uma doença neurodegenerativa, que provoca o declínio das funções cognitivas, como a perda das memórias e outras funções importantes.
Embora atualmente se saiba mais sobre a doença, a sua causa ainda é desconhecida, mas os estudos avançam e genes que causam a susceptibilidade à doença já foram mapeados, de acordo com a neurologista e mestre em neurociências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dra. Aline Turbino.
“No cérebro do paciente com Alzheimer encontramos acúmulo de uma proteína chamada Beta-amilóide. Agrupamentos desta proteína podem bloquear a sinalização entre as células das sinapses e ativar as células do sistema imunológico que causam inflamações e morte celular”, explica a neurologista. Os sintomas se desenvolvem lentamente e pioram com o tempo, comprometendo a capacidade de executar tarefas diárias simples.
O diagnóstico é clínico e a avaliação feita por um médico, além de exames de sangue e de imagem para excluir a possibilidade de outras doenças.
Também envolve testes psicológicos para verificar o funcionamento cognitivo do paciente em vários domínios.
Alguns fatores sugerem um aumento da possibilidade de risco. “Mas a doença pode desenvolver-se com ou sem esses fatores considerados de risco”, lembra a Dra. Aline. São eles: a idade avançada, genética suscetível, traumatismos na cabeça, baixo nível educacional, doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e estilo de vida (beber em excesso, fumar, estresse e dieta rica em gordura). A depressão também pode aumentar as chances de desenvolver a doença. “Além disso na evolução da doença há o comprometimento do hipotálamo, do tálamo e da região frontal, que pode ser responsável pelo processo depressivo ou por mudanças comportamentais. Mas o neurologista é capaz de tratar destes sintomas em conjunto, com a medicação específica.”
A Dra. Aline aponta a importância no cuidado com a alimentação no que se refere à prevenção. “Alimentos como verduras, peixes (ômega 3, presente em peixes ricos em gordura como o salmão), e vinho tinto podem auxiliar na prevenção da doença; além do oleocantal (presente no azeite extra-virgem), que ajuda a impedir os pequenos aglomerados iniciais do Beta-amilóide.”
Tratamento
Não há cura para o Alzheimer. O tratamento pode ou não incluir medicamentos e desta forma retardar a evolução e minimizar os distúrbios da doença, o que pode melhorar a qualidade de vida do paciente. “O objetivo é diminuir a progressão da doença.”
Já o tratamento sem medicamentos inclui a estimulação cognitiva, a estimulação social, como atividades de lazer e cultura; e o estímulo à atividade física, que além de ter o papel de socialização melhora a concentração.
“A atividade física é primordial, assim como a reabilitação psicológica, em que profissionais habilitados treinam as áreas cerebrais com exercícios mentais para esses pacientes, finaliza a psiquiatra.”
Dicas Para Cuidar do Paciente com Alzheimer:
De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), as pessoas com Alzheimer podem passar a se comportar de maneira estranha ou exacerbar características prévias à doença. Algumas dicas para lidar com estas situações.
- Estimule a autonomia. Se o doente estiver seguro permita que faça as atividades sozinho.
- Se houver dificuldade de concentração fale pausadamente, selecionando um assunto por vez.
- Mantenha contato visual.
- É comum que o doente de Alzheimer fique desorientado no tempo. Faça uso de relógio grande e com data, agendas, alarmes e calendários, mas monitore as atividades agendadas.
- Tenha programação de atividades planejada.
- Inclua o paciente nas atividades familiares e não fale dele na sua presença sem a sua participação.
- Fique atento à hidratação, sono e alimentação do paciente. Pacientes com Alzheimer podem apresentar dificuldades para dormir. Procure motivá-lo a fazer atividades durante o dia, certifique-se de que sua cama e roupas são confortáveis e deixe o quarto repousante.
- Alterações no apetite podem ocorrer. Confira sempre a temperatura da comida, estimule a alimentação com alimentos coloridos e se estiver o paciente esquecendo das refeições deve ser acompanhado pessoalmente em cada uma delas.
- Quando houver dificuldade de compreender, fale clara e pausadamente, formule questões de fácil compreensão, curtas e diretas.
- Quando houver dificuldades em realizar tarefas monitore-o verbalmente e divida a tarefa em etapas.
- Pacientes com demência podem ter delírios persecutórios. Tente explicar com postura calma o que está acontecendo e caso não funcione, não insista.
- Quando o paciente mostrar medo conforte-o com voz calma e segure a sua mão para transmitir segurança.
- É essencial garantir a segurança do paciente. Dificulte a saída do paciente sozinho, instalando guizos no portão, por exemplo, ou escondendo as chaves de casa.
- Coloque etiquetas na roupa do paciente com nome e telefone.
- Se ele ficar agressivo procure descobrir o motivo da agressão e evite repetir a situação.
Em todas as situações não espere o paciente melhorar sozinho. Consulte o médico para evitar o sofrimento e o agravamento dos sintomas.
Fonte: www.abraz.org.br
Dicas para quando visitar alguém com Alzheimer:
- Não pergunte se ele te reconhece
- Deixe que conte as suas histórias quantas vezes quiser
- Converse pausadamente e olhando nos olhos
- Seja positivo
Fonte: Canal Com Viver: https://www.facebook.com/canalcomviver/
Sugestão de box: Cuidadores:
Cuidadores estão expostos a situações de estresse. Grupos de apoio foram criados para minimizar este estresse, dar orientações e trazer conforto a estas pessoas. Veja aqui alguns grupos online:
Abraz – Orientação a Cuidadores
Canal Com Viver
GAFA – Grupo de Apoio a Familiares com Alzheimer
[1] https://sbgg.org.br/em-dia-mundial-do-alzheimer-dados-ainda-sao-subestimados-apesar-de-avancos-no-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/